“Percebi que para dentro de nós há um longo caminho e muita distância. Não somos nada feitos do mais imediato que se vê à superfície. Somos feitos daquilo que chega à alma e a alma tem um tamanho muito diferente do corpo.” Um dia, encontrei com essa pintura do Christian Schloe e a adorei imensamente. Me parecia que a menina deixava ir com muita doçura o que tinha por dentro. Talvez por saber que a fonte estava em si, e aceitava com ternura o que era dela mesma, ou o que é ela mesma. Este texto é do Valter Hugo Mãe, em um livro chamado “contos de cães e maus lobos”. E me parece que estes dois artistas sabem muito bem que para dentro de nós é um ir-sem-fim, que vai para muito mais do que a superfície jamais conseguiria demonstrar. É por isso que há por aí uma infinidade de pessoas tão cheias de beleza, beleza que nem conseguimos captar de um só olhar, porque me parece, a beleza segue para além do olhar, e acompanha estas coisas que delicadamente, nem percebemos, segue para além de nós, maiores que nós, que saem de dentro, como estas pequenas e infinitas, borboletas azuis.
Texto e imagem Diana Pedott

Do segundo período do fundamental ao segundo ano do ensino médio, fui apaixonada pelo meu amigo. Ele ultrapassava o status de colega por ser, de fato, um ótimo amigo. Vale considerar que na época provavelmente eu a torcida do flamengo inteira estávamos apaixonadas por ele.
Ele nunca gostou de mim daquele jeito. Na verdade, confessou mais tarde que em algum momento gostou sim, mas as coisas mudaram. Ia e vinha eu gostava de outra pessoa, mas sempre voltava para ele. 
Nos idos de 2007 ou 2008 acabamos nos beijando. De forma extremamente espontânea pseudo-escondidos na casa de uma amiga enquanto ela estava na varanda do lado de fora (acho que ela nunca soube). Sei que quando nossos rostos de afastaram eu comecei a rir. Não sorrir,  a rir mesmo. Porque aquilo não encaixava. Não fazia mais sentido e só pareceu uma constatação. Rimos na hora e rimos depois disso. Porque depois de 10 anos de “amor”, já tinha mudado para algo mais real, longe de príncipe encantado. Era só alguém que eu conhecia desde a infância e que significava muito. Conversamos no dia seguinte, e de alguma forma, a relação estava diferente: mais leve, mais transparente. Eu gostei de passar por isso. Devo ter envelhecido um pouco ali. Saudades ensino médio.E... pronto! Já passou a saudade.
Tem uma caixinha azul que ele me deu. Era um desses brindes antigos do McDonald’s. Eu guardava minhas lantejoulas lá e a ideia era que de 10 em 10 anos passássemos isso para outra pessoa. Ela está na minha gaveta, bem segura há quase 20 anos. Nos vemos ocasionalmente, com um abraço rápido e frases casuais.
E aí? Como estão as nostalgias?

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