Alex, A Biografia


“Não vi o Coritiba ser campeão brasileiro, em 1985. As lembranças que tenho são do rádio e da folia no bairro. Na verdade, eu nem era Coritiba. Gostava do Flamengo e do Corinthians, os times da moda. O Flamengo de Zico e Corinthians do Sócrates, da “Democracia”. Alex. Pág. 16.












Livro: Alex, A Biografia
Autor: Marcos Eduardo Neves
Editora Planeta
Sinopse: 'Alex' foi ídolo do Coritiba, do Palmeiras, do Cruzeiro e do Fenerbahçe, da Turquia. É um dos craques que não jogaram uma Copa do Mundo. Uma razão é que competia com Ronaldinho, Rivaldo e Kaká, que se tornaram os melhores do mundo. Outra é que muitos não compreenderam a grandiosidade de seu talento. 'Alex', diferentemente do jogador que estava sempre com a bola, tentando uma jogada, muitas vezes, errada e impossível, esperava o momento certo para brilhar, assim como os grandes pintores impressionistas iam para os campos abertos, à espera do brilho ideal da luz para fazer suas obras geniais.
Alex era muito técnico, minimalista. Em poucos lances e com poucos movimentos, decidia a partida. Não tinha excessos nem firulas. Mesmo sendo um meia armador, de passes espetaculares, fez também muitos gols, mais de quatrocentos, muitos belíssimos, magistrais.
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Saudações nobres,

O futebol está entranhado na minha família, ou a minha família está entranhada no futebol. Tanto faz, o resultado é o mesmo. Meu bisavô jogava no Yale. Meu avô era cruzeirense doente. A sede do Cruzeiro no Barro Preto era a casa do meu bisavô, o Sr. Lino Pedersoli, e foi ele quem plantou aquele Pau Brasil que tem lá nos fundos. Meu pai foi reserva do Joãozinho, aos 17. Esteve presente naquele Cruzeiro x Internacional em 1976 pela Libertadores, os olhos dele brilham ao recordar as arquibancadas balançando. As condições não foram favoráveis, e ele desistiu do sonho. Jogou tudo para cima em Belo Horizonte e foi para o interior. Mas nunca deixou de jogar, mesmo que fossem campeonatos de várzea, em situações precárias. Até que em 1994 – tenho vagas lembranças do dia, alguns borrões e muito choro – destruíram todos os ligamentos do joelho esquerdo. O ortopedista disse que poderia fazer a cirurgia, mas foi categórico: jogar, nunca mais. E ele nunca mais jogou. Mas o amor insano pelo futebol e pelo Cruzeiro, ele passou adiante magistralmente. Está no meu cabelo, na minha pele, no meu sangue, no meu coração. A família inteira tem sangue azul, e isso é motivo de muito orgulho.

Sim, a postagem ainda é sobre a biografia do Alex, embora o plano de fundo se faça necessário. Um pouco antes de 2003 eu realmente comecei a assistir futebol, qualquer jogo: eu queria futebol! Religiosamente assistíamos a todos os jogos do Cruzeiro, como morávamos bem no interior, ele nunca me levou ao Mineirão: as condições financeiras não ajudavam e ele morria de medo de me perder por lá – tenho certeza –. Então, da sala de paredes brancas e com aquela rachadura que está lá desde que me entendo por gente, acompanhamos cada jogo do Cruzeiro. A chegada do Alex culminou daquele ano mágico, e no meu total entendimento da paixão pelo Maior de Minas. Não era porque meu time estava ganhando todas, era muito mais do que isso! 
Dos momentos mais marcantes, não poderia deixar de ser aquela final de Copa do Brasil, com o Alex respondendo ao Edilson: “Quem fala muito dá bom à cavalo”.

Aos 3min.

Digitei e apaguei esse parágrafo mais de cinco vezes. É difícil explicar os sentimentos que rondam 2003 e a tríplice coroa – consequentemente aquele time –.
Quando falo que gosto de futebol – que respiro futebol na maior parte do tempo – me perguntam quem é o meu ídolo. Não vi os mesmos jogadores que meu pai viu, não acompanhei a maioria dos nomes que as pessoas que conheço respondem, mas eu vi o Alex. E o Alex fazia meus olhos brilharem e minha garganta secar. Então sim, na Bienal do Livro de 2016, quando estava tão perto dele, tive que me lembrar algumas vezes de respirar e levei pelo menos 5 segundos para conseguir responder meu nome quando ele perguntou. Com a biografia pude confirmar que ele é “humano”, o Alex – 10 eterno – é de verdade e é o meu ídolo. 
Estava no Mineirão no jogo de despedida do Alex. Chorei do início ao fim! Sai sem voz, com o coração batendo forte e a certeza de que história como a do meu Cruzeiro, ninguém vai construir. 

Acho que finalmente, poderemos entrar de vez em “Alex, a biografia”. 

Como disse antes, eu já era fã do jogador, depois da leitura, fui completamente conquistada pelo que forma o homem – incluo a Daiane Maud, esposa do Alex, nesse conjunto. Sem ela, não sei se ele teria ido tão longe –. 

Durante a leitura, sorri, fiquei chateada, chorei e me choquei com as o Lado B do futebol, que geralmente não é mostrado. Chorei mais e de novo, sorri. É incrível saber da trajetória e de todos os obstáculos pelos quais o Alex passou; é triste saber o quão sujo e manipulável o futebol é. Doeu saber que ele poderia ter encerrado no Cruzeiro, mas a diretoria não ajudou. Magoou também, saber como dirigentes e presidentes tratam os jogadores, porque a alma do esporte são eles. São eles que fazem as pessoas encarar estádio à noite no meio da semana, é pela arte e pela paixão. 

O livro percorre todos os pontos que culminaram na grande trajetória do Alex, desde a dificuldade da infância e de correr atrás do sonho, da parte ruim e da parte boa dessa busca pelo futebol, até a aposentadoria. Todos os obstáculos, toda a dor ao redor da ida para o Parma, da ausência da seleção. E dói, dói muito ler como e porque algumas dessas coisas aconteceram. O leitor fica lá, olhando e lendo, e relendo, tentando entender o que infernos as pessoas estavam pensando ao tratarem daquele jeito um dos melhores jogadores.
E é impressionante conferir como foi tudo. Como o menino conquistou torcedores pelo mundo inteiro, e como, magicamente, ele ainda habita o imaginário desses mesmos torcedores até hoje.

Acho que falei mais de mim do que do Alex. Mas não consigo fazer de outra forma. O livro é sentido. Não dá para transmitir tudo isso sem que o leitor se aproxime por conta própria. Recomendo fortemente a leitura. É de uma simplicidade e qualidade incríveis. Acrescento ainda o cuidado com diagramação e fotos. 

Pode soar simplório, mas gostaria de agradecer ao digníssimo autor Marcos Eduardo Neves por trazer à luz tantos fatos e toda essa magia por trás do que o Alex e sua família viveram. Seria, além disso, estranho agradecer ao Alex pelos melhores momentos da minha vida em relação ao futebol?



“Comecei na televisão como comentarista, penso em também ser colunista, mas vou fazer um curso de treinador. Será que um dia retorno à Turquia e comando o Fenerbahçe? Pode ser, mas é algo impossível a curto prazo. Contudo, quem sabe realizo o sonho de disputar uma Copa do Mundo, comandando alguma seleção nacional? O futuro a Deus pertence. Só me resta trabalhar. E me sinto muito jovem ainda.” Alex. Pág. 230.



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