A rebelde do deserto - A traidora do trono


Saudações nobres,
O ano de 2018 continua trazendo excelentes livros para as mãos da Rainha. A rebelde do deserto e A traidora do trono foram leituras frenéticas, a narrativa é rápida e não há tempo para pausa ou respiração entre uma página e outra. Também é difícil largar os livros enquanto não chegam ao final. Recomendo que tenha os dois à mão quando pensar em iniciar, e o terceiro livro será publicado em março desse ano no Brasil. Oremos, preciso logo dele!

A rebelde do deserto
Alwin Hamilton
Editora Seguinte
2016
283 páginas

O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher. 
Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele. 
Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por lhe revelar o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.

“Você nunca quis algo com tanta força que se tornou mais do que um simples desejo? Preciso sair dessa cidade. Preciso disso tanto quanto preciso de ar.”

Amani. A primeira impressão é de que não há uma protagonista mais determinada do que ela, ou mais propensa a se envolver em problemas. A jovem de pele morena e olhos incomuns azuis carrega um fardo pesado demais para suas formas finas. Sem pais que a pudessem proteger, acaba na casa da tia que a odeia e onde o futuro parece ainda mais perturbador do que viver isolada em uma cidade perdida no meio das areias. Disposta a qualquer coisa para fugir do destino, acaba em uma competição de tiros como o Bandido de olhos azuis – uma mulher, ainda que sem as formas de uma, não seria aceita ali –. Durante a insanidade que se envolveu, ela encontra a Cobra do Oriente, um estrangeiro que parece ser alguém melhor que a maioria. Quando tudo dá errado, ela consegue voltar para seus lençóis sem que – aparentemente – seja descoberta.
No dia seguinte, a vila é revirada pelas tropas do sultão que estão atrás de um criminoso. Amani está trabalhando na loja dos tios quando alguém de olhos conhecidos se esgueira e acaba precisando de um ou dois favores da menina.
É claro que isso renderia imensas complicações para Amani. Que acaba atravessando os desertos em busca de um sonho e na companhia desagradavelmente agradável daquele que salvara a vida e que a salva em seguida. Seus caminhos parecem entrelaçados.
Pode ser que ela ainda se depare com rebeldes, e que a causa pareça justa para  lutar. Pode ser que os seus sonhos mudem. Pode ser que as pessoas a enganem – por uma boa causa ou não –. E pode ser que ela descubra mais de si mesma do que seria capaz de imaginar. Amani é poderosa, em todos os sentidos que o adjetivo pode receber. E é incrível!
A autora elaborou a vida ao redor dos desertos, com personagens fortes, ligados à areia como a própria carne. E mágicos! Há magia no deserto e por vezes ela pode correr nas veias dos habitantes mais hábeis. Djiins podem ser mais reais do que se pensa, o sultão pode ser mais hábil do que parece e as aparências – quase sempre – enganam. É gratificante acompanhar Amani pelos desertos, e as suas descobertas. Assim como também é angustiante passar por toda a dor e provações que ela é sujeitada. Mas a jovem é uma mulher do deserto, e mulheres do deserto são fortes.
“Você é este país, Amani. Mais viva do que qualquer coisa deveria ser neste lugar. Toda feita de fogo e de pólvora, com um dedo sempre no gatilho.”


 


CONTÉM SPOILER

A traidora do trono
Alwin Hamilton
Editora Seguinte
2016
440 páginas
Amani Al’Hiza mal pôde acreditar quando finalmente conseguiu fugir de sua cidade natal, montada num cavalo mágico junto com Jin, um forasteiro misterioso. Depois de pouco tempo, porém, sua maior preocupação deixou de ser a própria liberdade- a garota descobriu ter muito mais poder do que imaginava e acabou se juntando à rebelião, que quer livrar o país inteiro do domínio do sultão. Em meio às perigosas batalhas ao lado dos rebeldes, Amani é traída quando menos espera e se vê prisioneira no palácio. Enquanto pensa em um jeito de escapar, ela começa a espionar o sultão. Mas quanto mais tempo passa ali, mais Amani questiona se o governante de fato é o vilão que todos acreditam.

"Uma nova alvorada. Um novo deserto."
Para se compreender o segundo livro, é necessário ter lido o primeiro, então me permito algumas revelações.
Após Jin explicar o que ela é de ter participado ativamente das batalhas dos rebeldes, o Bandido de Olhos Azuis é quase uma lenda. Assim como todos os outros demdji.
Jin. Definitivamente ele merece um paragrafo só seu. O príncipe não gosta do deserto, não gosta de como as coisas são secas e de como nada parece vivo. Até conhecer Amani e entender o fascínio que as pessoas têm por aquele país. As decisões dele não são as melhores ou mais acertadas em vários momentos, e isso me causa algum incômodo enquanto leitora. Sinto certa dose de covardia nele, ou de um medo excessivo que nubla as decisões. Enfim. Continua sendo um personagem interessante, mas com atitudes incertas.
"Até que surgiu uma garota, conhecida como a Bandida de Olhos Azuis. Criada nas areias e lapidada pelo deserto, ela ardia em chamas. Pela primeira vez, o príncipe estrangeiro entendeu o que seu irmão amava naquele deserto."
Amani finalmente alcança seu sonho dourado, porém ele vem de uma traição imperdoável e cercado de grades de ferro. Acabar nas garras do Sultão era a última coisa que qualquer um deles poderia esperar. A revolução chega às portas do sultão, cheia de tramas e inimigos disfarçados. São grandes surpresas, grandes batalhas e perdas incontáveis.
Se o primeiro livro tem um ritmo alucinante e acontecimentos se atropelando, o segundo carrega a mesma carga de adrenalina, só que dessa vez mais pontuada com reencontros emocionantes e lágrimas derramadas. Ambos terminam sem que o leitor espere e causa uma ressaca literária fantástica. Estou contanto os dias para saber o destino de cada um dos personagens que foram inseridos tão bem em meus pensamentos e coração.
Encaixaria fácil na lista de melhores livros lidos e de trama bem desenvolvida. Não há críticas a como os acontecimentos se deram e também não há piedade em como a autora orquestra tudo. É uma guerra, uma revolução e ninguém será poupado.
Concluo que a narrativa foi bem desenvolvida, apesar de ter visto várias opiniões contrárias a isso. Discordo no que diz respeito a alegarem que não foi possível se apegar aos personagens, talvez seja aquela parte de que cada um interpreta e se envolve à sua maneira ou a saturação com o tema. De fato, o aprofundamento nas mitologias do deserto e em toda a sua magia poderia ter sido mais bem explorada. Mas não vejo como não me apegar aos personagens principais, bem como com a construção do universo. Além disso, o romance me pareceu sem grandes problemas, assim como o egoísmo de alguém que viveu para um sonho.
"Eu era uma garota do deserto. De onde eu vinha, o mar era feito de areia. E a areia me obedecia. Isso. Isso era um ataque."


 


Hero At The Fall
Alwyn Hamilton
Editora Viking
Lançamento: 30 de janeiro de 2018 (EUA) / Março de 2018 (Brasil)
464 páginas
The breathless finale to the New York Times bestselling Rebel of the Sands series will have you on the edge of your seat until the dust from the final battle clears!

            When gunslinging Amani Al’Hiza escaped her dead-end town, she never imagined she’d join a revolution, let alone lead one.
But after the bloodthirsty Sultan of Miraji imprisoned the Rebel Prince Ahmed in the mythical city of Eremot, she doesn’t have a choice. Armed with only her revolver, her wits, and her untameable Demdji powers, Amani must rally her skeleton crew of rebels for a rescue mission through the unforgiving desert to a place that, according to maps, doesn’t exist. As she watches those she loves most lay their lives on the line against ghouls and enemy soldiers, Amani questions whether she can be the leader they need or if she is leading them all to their deaths.
Alwyn Hamilton
Alwyn Hamilton nasceu em Toronto e passou a infância saltando entre Europa e o Canadá até seus pais se estabelecerem na França. Ela cresceu em uma pequena cidade de lá, o que poderia obrigá-la a colocar aleatoriamente bem alto a música de abertura de A Bela e a Fera se não fosse por seu tom de surdez. Ao invés ela tentou ler e escrever o seu caminho para novos lugares e desenvolveu uma fraqueza por fantasia e heroínas se vestindo com roupas de homens. Ela deixou a França e foi para a Universidade de Cambridge para estudar História da Arte na King's College, e depois foi para Londres, onde ela foi contratada em uma casa de leilões. Ela tem um mau hábito de adquirir mais livros de capa dura do que é inteligente para alguém que se move casa com tanta frequência.

Livros publicados
A rebelde do deserto (2016)
A traidora do trono (2017)
Hero At The Fall (2018)



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