Divulgação: Editora Hedra




Saudações nobres,


Como dito na postagem de apresentação da parceria com a Editora Hedra, cá está a Rainha a apresentar-vos alguns dos livros de Literatura Nacional do catálogo:





Cálcio
Pádua Fernandes



Os poemas que compõem Cálcio, segundo livro de Pádua Fernandes, são polifônicos e dramáticos, no sentido em que buscam acolher um conjunto de ecos de gritos de horror, cacos de uma experiência coletiva traumática que ficaram abafados deliberadamente pela concorrência de outras vozes, de mais amplo timbre e que se valem da ampliação do aparelho de propaganda do Estado.
São poemas de inflexão civil, que abandonam o investimento na expressão de um sujeito fraturado, tão própria da lírica moderna, em favor de um compromisso público: ecoar nomes e corpos, devolver-lhes o cálcio que lhes estruturara cada passo.
Trata-se portanto de um projeto que assume seu lugar de observador da cena trágica, recém-devolvida ao palco da história do país pelos trabalhos da Comissão da Verdade, de que o autor participou, ainda inacabada e cheia de lacunas e zonas de indistinção.
Como disse Beckett, “Os mortos morrem mal”. Os poemas de Cálcio são contra, contra a morte escusa, fria, emparedada, contra essa morte que não é muda, mas prefere não declarar nada, Pádua Fernandes abre suas janelas para fora das jaulas, mordaças e choques e deixa o ar entrar, com a luz que devolve às coisas seu contorno.






Habitar
André Fernandes
Habitar, segundo livro de André Fernandes, combina falas e gestos, para tematizar o fazer poético, a impossibilidade de vínculos e a experiência da cidade. Produzidos em dois anos, os 35 poemas podem ser reduzidos a uma quase conversa. O livro tem apresentação de Fabiano Calixto.








Icterofagia
Dirceu Villa
Dirceu Villa (1975), poeta que já publicou MCMXCVIII (1998) em reduzidíssima edição de 85 exemplares, eDescort (2003), de números mais generosos, traz agora, depois de 5 anos de composição, este Icterofagia à sua atenção.
Observações matinais num táxi
Dois insetos copulam
sobre a velha edição do Guia de ruas
amassada junto do câmbio.
O céu intelectual regurgita um amarelho-baunilha
no chantilly branquíssimo das nuvens
O taxista lembra várias piadas rústicas
sobre viúvas com apetite adolescente.
E os dois insetos saem satisfeitos
pelo quebra-vento.






O coletivo aleatório
Luis Marra
Esse conjunto de narrativas, que marca a estréia de Luis Marra, tem como ponto de partida as experiências do autor no decorrer de seus mais de quinze anos de medicina exercida na periferia da Zona Leste de São Paulo. Temos portanto um narrador que se distingue de seu objeto por sua formação cultural, um narrador cujo alheamento daquele cenário foi paulatinamente apagado por sua permanência continuada.
Isso não impede que o leitor perceba, nas entrelinhas desses textos, o atrito entre esses mundos diversos na presença de um narrador que, cultivado, promove recortes e correções à realidade efetuada na narrativa, condição para o que se quer literatura e não apenas caderno de observações.

Leve este post a outro reino:

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