Autora: Mariana CestariEditora D’PlácidoSinopse:Quando Mabel Grace se auto-diagnosticou depressiva, não imaginou que a vida, a partir daquele ponto, seria tão difícil. Ela deveria estar estampando manchetes de jornal, ganhando prêmios Nobel da Física, arrasando em olimpíadas acadêmicas... definitivamente não deitada no chão seu porão escuro enquanto enfrenta dores oriundas de sua própria cabeça. Mas, sua condição não é uma escolha.A chegada de seu antigo rival North St. John parece apenas mais um obstáculo: o garoto passara anos longe de casa, viajando mundo afora ao lado de sua mãe fotógrafa, e volta a ilha para celebrar o casamento de seu pai.Para ele, é impossível considerar o fatídico encontrão com Mabel, em uma madrugada estrelada, uma mera coincidência. Afinal, o bater das asas de uma borboleta no Japão pode fazer com que dois adolescentes problemáticos apaixonem-se em uma pequena ilha na costa brasileira.Em meio a aventuras de proporções rotineiras, North e Mabel aprendem a lidar com seus medos e acabam por compreender que nem tudo pode ser descrito por fórmulas matemáticas.
Saudações nobres,
Das Estrelas foi lido durante a Bienal do Livro de Minas Gerais em poucas e maravilhosas horas. Como disse à Lady Mariana: "a palavra que melhor descreve a obra é "delicadeza"."
É mais um daqueles livros que tocarei mais nos sentimentos. John Green recebe aqui uma homenagem digna e sincera: A culpa é das estrelas apresentou o gênero sick-lit à Lady Mariana, e temos então Mabel Grace como protagonista.
depressão
de.pres.são
s.f. Aluimento, abaixamento de nível, causado por peso ou pressão: depressão do solo.
Anatomia. Achatamento ou cavidade pouco profunda: depressão no osso frontal.
Fig. Abatimento; enfraquecimento físico ou moral; desânimo; esgotamento.
Depressão econômica, crise generalizada na economia, que se traduz por inflação acelerada, desemprego, desvalorização dos títulos e ações nas bolsas de valores etc.
capcioso
adjetivo
1. que engana; caviloso, enganoso, manhoso.
2. que procura confundir, para levar ao erro; ardiloso, astucioso.
“Não era bom. Nem de longe tão “curável” quanto uma febre. Deixava-me apavorada. Mas estava ali. Tão inegável. Tão intangível. Completamente inesperado.”
Mabel é um gênio, do tipo gênio mesmo e em algum momento da sua curta existência percebe que está com depressão. Seu mundo muda radicalmente, assim como o das pessoas ao seu redor. Ninguém entende realmente como ela se sente, aquela dor insuportável que acaba todos os seus membros e mina suas forças e suas vontades. É sempre tão grande e tão intensa que a sua vontade é que seu corpo se rompa perante aquela sensação terrível.
A garota é... frágil. Ela sabe e entende a sua situação e tenta de todas as maneiras possíveis fazer com que a sua expressão de dor fique trancada com ela no porão. Ou que saia com ela nas madrugadas à beira mar, enquanto coleciona cavalos marinhos.
A delicadeza da narrativa e dos acontecimentos é tocante. Confesso a vós, que nunca havia tido tantas reações em uma leitura, tanta identificação e compreensão. É sem sombra de dúvidas a obra mais delicada que já tive o prazer de ter em mãos.
Lady Mariana trata depressão como deve: sem ser piegas, sem exageros e sem ser de menos. Foi real, crua. Como realmente é.
A rotina da família Grace muda desde a primeira crise de Mabel, eles tentam da melhor forma que podem auxiliar a filha. Isabel lida melhor com os acontecimentos do que Anabel.
Nos momentos em que a normalidade atinge Mabel, ela se levanta como o sol depois de uma longa tempestade. É certo que no caso dela, as tempestades tentem a durar muito mais tempo. E a normalidade, seriam aqueles momentos raros e determinantes quando a dor não a está sufocando.
Eis que em uma das fugas noturnas, Mabel se depara com alguém que pode lhe dar algumas doses de normalidade. Os esbarrões, cutucadas, ironias e insinuações dizem que North é muito mais do que apenas o garoto com quem ela se deparou certa vez. Ele faz parte do passado onde Mabel era absurdamente competitiva, estampava capas de jornais e revistas e prometia ser ganhadora de Nobel. North foi capaz de vencê-la uma vez. Seria ele capaz de vencer a dor que Mabel sentia?
“É isso, North. Eu sofro porque quero continuar pensando. Isso é tão errado quanto parece?”
North também tem seus demônios. Trava suas próprias batalhas e apenas o fato de estar na mesma cidade da qual fora embora antes provava isso. Ele se sente perdidamente inclinado àquela nova versão de sua antiga inimiga, sente o incontrolável desejo de salvá-la.
Apesar dos avanços que o jovem aos poucos consegue em relação a ela, dos passos lentos e graduais, a depressão está ali e não pretende desaparecer. As recaídas de Mabel doem de um jeito que não achei – em todos esses anos – ser capaz de sentir por uma personagem. A construção da sua dor, da sua história e a profundidade de seus pensamentos ecoam singularmente no leitor.
Nas derradeiras páginas, quando a função entre ler e chorar torna-se praticamente uma só, Anabel aparece surpreendentemente com o lenço para secar vossas lágrimas. É incrível o que um gesto pode fazer ou o quão pode transformar uma personagem.
Resumidamente, Das Estrelas é lindo, parece simplista em vista de todos os adjetivos que poderiam ser usados, mas criam-me: a obra é linda, delicada, harmoniosa e apesar do tema denso é leve. Finalizei o livro com a sensação de poder respirar fundo e saber que a Mabel estará bem.
Agradeço Lady Mariana, por ter compartilhado a Mabel comigo. Ela é especial, me fez chorar e abraça-la.
Novamente, a diagramação e cuidado com a edição feita pela Editora D’Plácido são impressionantes. Ainda há todas as citações maravilhosas escolhidas pela autora e que impactam tanto quanto o livro em si. Ressalto o sorriso a encontrar The Beatles em uma dessas breves citações. A pesquisa feita pela autora para a composição da obra não poderia deixar de ser citada, o trabalho foi de certo exaustivo, cumprindo fielmente o seu papel, tornando Das Estrelas uma das minhas obras preferidas.
Concluo com: Das Estrelas é capcioso.
“Mabel logo desceu, usando o vestido e as sapatilhas amarelas. Ela aninhou-se no meu colo e repetiu:
– Obrigada.”
Esse livro deve ser maravilhoso, acho incrível quando um(a) autor(a) consegue descrever bem determinadas doenças.
ResponderExcluirPs: Que fotos encantadoramente incríveis!
Beijos