Brincando com fogo - 1º capítulo


Saudações nobres,

Na semana passada, foram apresentados os dois livros da autora Jessica Macedo que estão na pré-venda. Hoje, a autora disponibilizou o primeiro capítulo do livro Brincando com Fogo, e é claro que a Rainha não poderia deixar de dar opinião.
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Brincando com fogo
1.Corra


Tentei abrir os olhos, mas uma luz forte forçou-me a fechá-los novamente. Ao fundo eu podia ouvir bipes do que julgava serem aparelhos médicos.
Quando finalmente meus olhos se abriram e consegui enxergar algumas pessoas sem foco, que vestiam o que me pareceu uniformes verde pastel e usam tocas e máscaras.
Tentei me colocar de pé, mas tudo ao meu redor girava e meus braços e pernas estavam atados a uma fria mesa de metal.
- Ela está acordando. - ouvi alguém dizer baixinho, me pareceu uma voz feminina, mas eu não tinha certeza.
- Sedem-na de novo! - outra voz ordenou.
Ainda zonza, com pouco ou nenhum controle sobre meu próprio corpo. Eu me debati, tentando me libertar. As amarras começaram a machucar o meu pulso, no entanto continuei me debatendo. O medo crescia dentro de mim e me fazia tremer.
Senti uma ficada no meu braço, meus olhos já sem foco foram ficando escuros e a pouca força no meu corpo ser esvaiu por completo. Era tarde demais para lutar...



Eu me sentei na cama com uma respiração ofegante, o coração batendo rápido, como se batesse contra o peito. O suor gelado escorria pelo meu rosto. Mal conseguia segurar o lençol de tanto que as minhas mãos tremiam.
Na maioria das vezes aquele recorrente pesadelo, não passava disso, um pesadelo, mas as cicatrizes pelo meu corpo provam muito mais do que eu gostaria de acreditar.
Olhei o ambiente ao meu redor, estava escuro e a minha cabeça girava. Arrastei-me até o interruptor e acendi a luz. Aquelas paredes altas e brancas eram tudo o que conhecia, havia crescido envolta pela companhia de livros e filmes antigos. Bem, eu acreditava que eles eram antigos, mas não fazia ideia em qual tempo eu estava.
Abri a geladeira que sempre, eu não sei como, estava cheia. Eu sabia que havia outras pessoas naquele lugar, sentia isso. O motivo eu não sabia, mas eles pareciam querer me manter sozinha.
Peguei um uma maçã e voltei para a cama com um livro nas mãos. O personagem da história que eu lia descrevia como era bom sentir o sol tocar seu rosto...
Às vezes eu me perguntava como seria exatamente essa sensação, já que eu nunca havia visto o sol ou a lua, o dia ou à noite.
Eu gostava mesmo era dos livros bem descritivos, eles me possibilitavam viajar e imaginar como seriam as coisas além daquelas paredes, eles me mantinham a certo ponto feliz e lúcida...
Um barulho de porta sendo destrancada de repente chamou a minha atenção, voltei-me para ela a tempo de vê-la abrir. Havia um homem parado atrás dela, deveria ter uns 24, 25 anos, eu não sei. Era a primeira vez em que eu via alguém, fora meus pesadelos que eu duvidava que se restringissem a isso.
O homem me pareceu alguns centímetros mais alto que eu, tinha cabelos escuros. A expressão em seus olhos me fez sentir que ele estava ao mesmo tempo ansioso e amedrontado. Tão amedrontado quanto eu.
- Quem é você? - perguntei ao me colocar de pé, na defensiva.
-Alguém como você - ele disse as pressas e foi logo continuando. - Não temos muito tempo, você precisa ir agora!
- Ir? E para onde eu iria? - perguntei assustada.
- Eu não tenho tempo para te explicar. Mas se quiser sair desse lugar você precisa ir, e ir agora.
Comecei a suar frio. Sair dali? Para onde eu iria? Sempre sonhei em poder sair desse lugar, porém a ideia, por um momento, me deixou assustada. Eu odiava aquelas paredes, mas elas eram meu mundo. Era tudo o que eu conhecia.
- Vá agora, Marjore! - Ele quase berrou - Vá enquanto ainda há tempo.
- Eu não vou a lugar nenhum. - disse ainda imóvel. Eu não conhecia aquele cara, não sabia se podia confiar nele ou não.
O homem me segurou pelos ombros e me forçou a encará-lo. Por um minuto parei de tremer e fitei profundamente seus olhos.
- Você precisa confiar em mim. Precisamos sair daqui antes que eles nos matem.
Engoli seco.
- Eles quem? Por quê? - Minha cabeça se enchia de perguntas.
-Não tenho tempo para explicar. Preciso tirar os outros daqui também e não sei quanto tempo vou conseguir encobrir a nossa fuga.
Ouvimos barulhos que me pareceram passos, mas eu tinha pouca certeza.
- Você precisa ir agora!
- Ir para onde?! - eu estava aflita e um tanto desesperada.
- Siga as setas no caminho, elas vão te guiar para fora daqui. - ele disse antes de me empurrar no sentido do corredor.
Sai correndo desorientada. Virei à direita assim que uma seta apareceu na minha frente. Para onde aquilo estava me levando eu não fazia a menor ideia.
Ouvi um barulho e me escondi a ponto de ver passar dois homens com o que me pareceram armas penduradas. Engoli em seco. Se me manteram presa por tanto tempo eu não podia nem imaginar o que fariam comigo se me pegassem fora da cela.
Quando os homens finalmente desapareceram eu voltei a correr, seguindo as misteriosas setas que apareciam diante dos meus olhos. Eu estava nervosa e me continha para não tremer muito. Tinha medo do que iria encontrar quando conseguisse sair, isso se conseguisse sair. Tremi com a ideia. Sentia-me em um daqueles filmes de suspense que costumava assistir, sentir aquela sensação na pele não era nem um pouco agradável.
Acabei dando de cara com um homem em um dos corredores. Tentei voltar, mas era tarde demais ele já havia me visto. Primeiro ele se assustou com a minha presença, mas depois veio em minha direção...
Fiquei ainda com mais medo e mais nervosa, foi quando eu senti meu corpo ficando mais quente. O homem não teve tempo de voltar atrás, sua mão encostou-se ao meu braço e eu o ouvi urrar de dor e instantes depois eu o vi caindo no chão pegando fogo.
Não parei para pensar sobre o que havia acontecido, apenas sai correndo e continuei seguindo as setas. Corri pelo que me pareceram horas, por mais que eu tivesse pouca ou nenhuma noção de tempo.
Escondi-me de mais algum grupo de guardas que passavam.
- Que calor está aqui! - ouvi um de eles exclamarem.
- Está insuportável - o outro concordou. - Os dutos de ventilação devem ter estragado de novo. - bufou.
Olhei para os meus braços e vi que eles pegavam fogo. Deduzi que talvez eu fosse à fonte daquele calor todo. Qualquer um entraria em completo pânico se percebesse que seus braços estavam pegando fogo (bem, deduzi isso pelos filmes e livros), mas o fogo não me incomodava nem um pouco e, além disso, lembrava-me daquilo ter acontecido algumas outras vezes.
Quando os homens saíram, eu voltei a correr. As setas me levaram a uma grande e pesada porta. E agora o que vou fazer? Perguntei a mim mesma.
Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Eu a sacudi repedidas vezes, mas era inútil. Estava tão perto de ser livre...
Sacudi a tranca mais uma vez e senti aquele estranho calor tomar conta do meu corpo de novo. Era uma força intensa que eu não conseguia controlar.
Olhei para as minhas mãos e as vi pegando fogo, mas não sentia como se elas mesmas queimassem e sim como se fosse parte de mim.
A tranca, pelo contrário, se derreteu ao meu toque e a porta finalmente abriu...



Considerações:
É apenas um capítulo, um apanhado de palavras. Mas confesso nobres, que continuaria a lê-las feliz! A autora tem o poder de nos prender nessa pequena amostra. Então, acredito que o decorrer seja tão interessante e instigante quanto esse primeiro capítulo.

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