Cela 108



Livro: Cela 108
Autor: André Cáceres
Editora: Dimensões Ficção
Sinopse:
Cela 108 se passa na Pátria, um país fictício governado por uma ditadura que mata seus opositores e toma os bebês recém nascidos dos pais para doutriná-­los, imprimindo vínculos emocionais com o Partido e cortando pela raiz qualquer discordância. Toda e qualquer manifestação artística e cultural é reprimida e o simples pensar se torna um ato político.
O controle das massas parece ser total, no entanto um grupo de rebeldes sempre existiu, agindo por debaixo dos panos, e agora começou a ganhar força. Com os revoltosos se estruturando e incomodando o regime, a Pátria está cada vez mais próxima de um ponto de ebulição. A história de Cela 108 é a jornada do protagonista Dante ao seu inferno pessoal e a tentativa de um povo de se
encontrar.
Após a trágica morte pelas mãos da ditadura da militante rebelde Beatrice, mulher que Dante amava, ele decide se unir à causa e se torna um agente duplo, se infiltrando aos poucos no alto escalão do governo para preparar uma revolução na Pátria. Mas será que tomar o poder é suficiente em uma sociedade corrompida? Ou o poder cega as pessoas?
Cela 108 é um romance distópico inspirado nos grandes clássicos do gênero, como 1984, Fahrenheit 451 e Admirável Mundo Novo, questionando as próprias ideologias e utopias em uma narrativa dinâmica e cheia de reviravoltas que faz o leitor se reconhecer assustadoramente na realidade retratada pela obra.








Saudações nobres,
Cela 108 foi-me apresentado diretamente por Lorde André e não houve decepção. A leitura foi rápida, algumas horas e já havia enviado mensagem ao autor indagando sobre uma possível continuação - ela não virá, pelo menos não nos planos atuais -.
Gostaria ainda, de agradecer à Lorde André, pela oportunidade e confiança!

"- Hey, Jude.
- Don't make it bad"

Gosto de história política, sempre paro para ler toda e qualquer coisa que seja possível sobre política brasileira ou internacional - foco no que diz respeito historicamente aos fatos -. Cela 108 nos apresenta um modelo político ditatorial e opressor.
A Pátria rege com mãos de ferro, sem escrúpulos e qualquer pudor. É um comando: a Pátria existe para ser obedecida cegamente e pronto. Tanto que para tal intento e minar os riscos de rebeliões, as crianças não conhecem os pais, são doutrinadas desde sempre. O único problema? Consciência. Aconteça o que acontecer, sempre haverão aqueles que terão capacidade de julgar e decidir seguir um caminho diferente – este e apenas este é o motivo de existirem rebeldes.
Estamos atados desde as primeiras páginas à vida de Dante. Ele será nosso marco, nosso guia e protagonista dos acontecimentos de Cela 108.
O personagem é de suma importância para os planos rebeldes, o Mentor - líder e estrategista rebelde - arquitetou o plano perfeito. Mas para que o mesmo funcione, precisa de seus homens exatamente nos lugares certos, nos momentos certos.

"E lembre-se: desconfie de todos."

E é exatamente a confiança que determina o fracasso da missão. O Presidente é morto, porém, os demais planos caem por terra e Dante é preso.
Apesar das aparências e de tudo que o personagem o leva a crer, Dante é passional, crível, humano e idealista. Ser traído de tantas formas diferentes, ver amigos serem mortos e a Pátria triunfar desestabilizam a vontade de ferro e a determinação do homem.

" - Você é o lendário Dante? - perguntou-lhe Raphael, apreensivo.
- Já fui. Não sou mais."

Trinta e nove anos em uma cela, com poucas palavras trocadas entre os anos e um imenso nada, fazem-no refletir sobre a vida e sobre as ações humanas. Aquele 31 de dezembro deveria ser o último, o último dia que lidaria com todos os seus pensamentos depressivos e sua existência agora miserável.
Mas então, Dante é surpreendido, e de uma hora para a outra torna-se novamente o rosto da revolução, o homem transformado em mito, aquele capaz de levar esperança ao canto mais escuro daqueles domínios e alguém que não tem absoluta ideia de como se tornara um símbolo.
O Mentor é outro, a tecnologia e as armas são outras, a vontade porém é a mesma: livrar o país da dominação absurda da Pátria, em companhia de antigos aliados e improváveis companhias.
O que descobrem vai além da imaginação ou compressão da grande maioria lá embaixo. A luta armada e inteligente é feita para poucos, os que morrem são peões estratégicos, os outros - apesar de serem rebeldes - ocupam posições de privilégio e usaram as mesmas para atingir seu objetivo de liberdade.
Por fim, leia e descubra se Dante - e os rebeldes - serão capazes de dessa vez, alcançar os objetivos certos e proporcionar uma liberdade que nenhum deles nunca experimentara.

Composto de inúmeras reviravoltas, cenas rápidas e às vezes confusas. Cela 108 mostra, cruamente o que acontece com os homens que detém poder demais. Aos homens que imaginam-se deuses, e decidem ditar como todos devem viver. E decididamente, o poder é capaz de corromper qualquer um. Qualquer um.

Último apontamento, especialmente para Lorde André: Acredito, piamente, que a obra mereceria continuação. O final nos mantém curiosos!

"O tempo muda, reconfigura e altera até mesmo as noções, percepções e convicções mais pétreas e sólidas."

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1 comentários:

  1. Muito obrigado pela resenha! Que bom que gostou :D agradeço também pelas dicas e vou levá-las para as futuras obras!

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